No fim de semana passado estive participando do Festival Chico de Cinema do Tocantins em Palmas. Lá assisti a sessão dedicada aos Capitães da Areia, participei do debate que se seguiu e no dia seguinte participei de um painel sobre o Ator Imaginário.
Recebo muito poucos convites para participar de festivais e minha agenda ainda dificulta mais isso de acontecer.
Lá em Palmas reencontrei os atores do Capitães da Areia, Ana Graciela e Evaldo Mauricio, e uma das produtoras Solange Frazão. Foi maravilhoso estar com eles de novo e discutir o processo. Ouvir histórias e considerações sobre o mesmo da boca deles.
Aqui no meu blog existem textos falando sobre o processo de preparação do elenco Capitães da Areia. Desde o começo nós levamos em consideração o pós filme. Não só o fim das filmagens mas o processo de lançamento, de contato com o público, assim como as consequências deste processo na vida deles.
Isto é não é comum. Muitas vezes limitamos nossas ações até o fim das filmagens e em algumas vezes pensamos no lançamento, no contato com a imprensa de modo a transmitir uma boa imagem, e com o público em geral que se apresenta em debates como fizemos em Palmas.
Com os meninos, nem tão meninos assim mas jovens fica tão careta, dos Capitães eu desenvolvi um relação de afeto, de admiração, de identificação… enfim eu gosto deles, assim como eu gosto do pessoal do Cidade dos Homens, do Xingu… eu amo que faço mas o que eu faço não se resume no produto final. Este é a consequência de como as relações se desenvolveram. Isto para mim é o que determina o Sucesso do trabalho.
Às vezes posso não concordar com as escolhas estéticas do diretor, do rumo que deu para a história, ou o modo como contou. Isto é algo que reservo para mim e para depois do filme acabado. Durante o processo luto pelo filme. Trabalho para desenvolver o melhor trabalho possível nas condições dadas seguindo o critério de que resultado não justificam os erros do processo. Ou seja fazer com que se chegue ao objetivo a qualquer preço não faço.
Eu preciso que todos os envolvidos tenham a convicção de que estamos fazendo é necessário e do modo que está sendo proposto. Podem haver questionamentos, debates, até resistência… mas vamos todos andar na mesma direção e pelo mesmo objetivo por convicção própria, sem opressão. Que é diferente de pressão.
O Sucesso dos Capitães está além do filme pois eles, na sua maioria, continuaram juntos desde 2009 e formaram um grupo que está ensaiando a sua versão da história. Isto para mim é um indicador de que houve um aproveitamento máximo de tudo que passamos para eles. Pois eles agora estão se apoderando do que produziram e estão transformando a sua experiência num ponto de partida para uma outra aventura artística como adultos.
Com os dois que encontrei em Palmas conversei como adultos que estão lutando para ampliar seu espaço e abrir espaço para mais trabalhos. Desejo a eles que utilizem o poder da comunicação para conquistar tudo que desejarem. Eles não ficaram esperando.
Amadureceram.
Assim como vocês me tem como mestre, eu os tenho como mestres também para mim.
O seu sucesso é o meu sucesso.
Não dá prá fazer arte sem ideologia, sem desejo, sem motivo.
Este post dedico a vocês!
Axé.