Eu avalio o trabalho uma atriz ou um ator pelo seu silêncio. É no silêncio que posso observar a natureza da sua emoção e o que provoca em mim.

O silêncio é um recurso para se manter em contato consigo. É tempo para processar um estímulo e produzir uma ação. É o tempo de fazer com que suas ações se propaguem para além no espaço sem fazer força. Algo como que acontece no mar, as ondas tem um tempo para se formar e quebrar. Entre uma onda e outra há uma suspensão, um movimento mais sútil, um silêncio.

O Ruído

O Ruído é o excesso de sons e imagens aos quais nos acostumamos e que produzimos sem perceber. Isso causa o embotamento dos sentidos e nos afasta de nós mesmos. Para atrizes e atores isso é péssimo por que gera ansiedade. O ruído mostra uma dificuldade de articular as ações, os pensamentos e os sentimentos. Uma boa técnica leva a um bom silêncio.

Ao contrário do que se pensa o silêncio não é a ausência do som. É a redução quase total do ruído. Quem pratica a meditação, por exemplo, conhece bem essa busca. Não há silêncio absoluto. Existem apenas momentos em que o que escutamos é ao mesmo tempo a sua respiração e a respiração do universo.

O medo do vazio.

Muitas vezes o ruído existe para camuflar o medo do vazio que se sente ao entrar em cena. Aí que saber usar seu silêncio é um recurso importante para o ator. Tanto no teatro quanto no audiovisual existe a cena. No primeiro existe o público e no segundo existe equipamentos eletrônicos que capturam tudo.

Em geral os atores antecipam o que vão fazer em cena. Se dão ordens. Estabelecer uma relação com o espaço, com o espectador, transmitir o texto com verdade. Se preocupam em não errar. Não aborrecer. Ser interessante. É o medo do vazio. Se esquecem que estar em cena é algo excepcional. De que tudo que precisam ter é um corpo, um espaço e um desejo de dizer algo.

A oficina Ator Imaginário

A próxima oficina será em São Paulo. Nos dias 29/7 das 19:00 as 22:00, 30 e 31/7 das 10 às 19h.