Retrospectiva 2017

Dezembro e o fim do ano se aproxima. Aproveito para dar uma olhada em tudo que fiz e compartilhar algumas experiências deste ano. Farei isso como vem na memória.
2017
Foi um ano de estreias.
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No primeiro semestre fui chamado para preparar a atriz Juliana Caldas para enfrentar sua primeira participação em uma novela no horário nobre fazendo uma personagem que é a filha da Marieta Severo na novela da Rede Globo – O Outro Lado do Paraíso e que sofre com a rejeição da mãe pelo fato de ser anã. Foi um trabalho tocante de preparação. A Juliana é muito talentosa e uma pessoa madura. Nesse trabalho individual que realizamos melhorei sua técnica, fortalecendo seu corpo e sua cabeça para lidar com as pressões, com as emoções e com sua ansiedade diante de uma dramaturgia que aborda temas tão próximas dos seus, tendo sua imagem exposta diante de tanta gente e por tanto tempo. Estou muito feliz com o resultado.


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Em julho preparei o elenco da série Os Insustentáveis produção da Cerbero Filmes e Vermelho Filmes para as TV’s públicas com direção de Fernanda de Cápua, Jack Scarpelli e Perseu Azul. 
Uma comédia que trata de questões políticas em um ambiente doméstico, tendo como protagonistas pessoas buscando se desurbanizar, indo viver uma vida simples no campo porém levando consigo os vícios e os hábitos da cidade. Um divertido exercício de desapego que obviamente rende situações engraçadas.
Conheci a Fernanda de Cápua, através do roteirista Thiago Dottori durante a Oficina  do Roteiro à Ação que realizei em maio em SP e que tratava da análise e compreensão do roteiro para a ação dos atores.
Ela apresentou o projeto para os meus alunos e lemos dois episódios. Fiquei encantado e pedi para fazer a preparação.
Um elenco charmoso, engraçado, com muito talento e que deu muita liga. Eles se isolaram com a equipe na Chapada dos Guimarães.
Séries cômicas podem ser muito superficiais por isso optei por trabalhar mais o conteúdo e o discurso de cada personagem em conflito com suas emoções e desejos. O tema da sustentabilidade está muito presente. De modo a provocar os atores a verem as contradições de suas personagens e compreender melhor os temas trouxe comigo O Jogo da Carta da Terra e uma de suas criadoras Andora Abuhab para a preparação do elenco. Foi muito importante para todos se darem conta do que estavam enfrentando e como poderiam expor ainda mais seus personagens.


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Aqui imagens dos atores do longa-metragem O Último Jogo, direção de Roberto Stuart, diretor baiano radicado em SP que faz suas estréia na direção em longa metragens e produção da Truq Filmes de Salvador.
Uma deliciosa história fantástica em algum lugar perdido no tempo e no espaço. Uma trama simples como propõe o título em torno da rivalidade de duas cidades no futebol. O jogo como razão de existir.
Um elenco muito bem produzido por Luiz Antônio Rocha com Pedro Lamin, Juliana Schalch, Norberto Presta, Bruno Belarmino, Dério Chagas, Fernanda Carvalho, Adriano Basegio, Lucio Tranchesi, a colombiana Betty Barco, o argentino Matias Desidério, e mais um elenco incrível de atores do Rio Grande do Sul.
Uma proposta dramatúrgica diferente. Muitas camadas. Personagens beirando o exagero, o excêntrico, pouco psicológico, muito físico… Um trabalho em que estimulei os atores a se escutarem, a se centrarem para não entrarem na armadilha da piadinha frouxa, a mal tratarem seus personagens, expondo suas fragilidades, seus pontos fora da curva. Um bando de perdedores que se bicam entre si sem nenhuma piedade.
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Terapia do Medo. Suspense Psicológico.
Filme produzido pela Coração da Selva e dirigido pelo experiente Roberto Moreira tendo no elenco Cléo Pires e Sérgio Guizé, foi o trabalho do começo desse ano.
Foi meu primeiro longa metragem com o Roberto Moreira. Em 2011 já havíamos trabalhado na série ganhadora do Emmy, Pedro e Bianca.Cleo-Pires.jpg
O primeiro desafio dessa produção eram as duas personagens de Cléo Pires, irmãs gêmeas que formam uma dupla de vôlei de praia. Preparei igual a Cléo e Lizandra Cortez que, com muita dedicação, fez a stand in da Cléo. A todo momento elas trocavam de personagem. O introsamento das duas, a entrega, e a química entre elas possibilitou a Cléo conseguir ver suas personagens e distingui-las. Num primeiro momento eu não me preocupei com as gêmeas, afinal eu tinha duas atrizes com semelhanças físicas e um roteiro que já determinava o comportamento de cada uma. A questão maior era físico. O suspense psicológico requer uma entrega física maior do ator. O desgaste físico e psicológico, devido as alterações de comportamento diante de situações que destabilizam a pessoa e que tem uma duração na filmagem maior do que no tempo real, são elementos importantes que levei em consideração para a preparação.
Um treinamento do imaginário foi que eu fiz. Mesmo não sendo possível mas treinei o músculo da imaginação que permite a pessoa a dar vazão ao seu fluxo de imagens e sustentá-las durante mais tempo. Abstrato. Similar ao trabalho que fiz no Ensaio sobre a Cegueira.
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Já o trabalho com o Sérgio Guizé foi mais sensível. Seu personagem é quem sofre uma pressão psicológica maior. Ele faz um psiquiatra que trata das gêmeas e que tem uma mãe superprotetora.
Essa foi a segunda vez que trabalhei com ele. Fizemos o Macbeto em 2011. A minha admiração por ele só fez crescer. Ele se entrega muito e desde daquela experiência o seu trabalho de ator evoluiu, o orientei pela dramaturgia, onde a personagem se desenhou em torno de um eixo falso que rui diante das situações que se apresentam.
Atualmente vejo que ele aproveita esse material na novela O Outro Lado do Paraíso.
Completando o elenco tem a Valentina Safatle que fez sua estréia em longa metragem foi preparada pela minha sócia Marina Medeiros.
E a outra estreante no cinema é a incrível Andressa Cabral, atriz de teatro com muita experiência, ela é de uma força e presença que magnetizam. Ela faz o papel da mãe do terapeuta e apesar da pouca diferença de idade com o Guizé, a sua personagem começa jovem e depois envelhece, ela me convenceu. A Andressa tem um domínio sobre seu corpo e sua voz que facilitaram essa construção no tempo. O treinamento com ela foi no sentido de aperfeiçoar seus recursos, adequando a linguagem do cinema.


2017 foi um ano muito criativo com 4 oficinas sobre a Técnica do Ator Imaginário aplicado ao ator e a direção de atores e uma de Dramaturgia, Leitura e transposição para o espaço. Destas 3 em São Paulo e uma em Recife.
 
 

1 comentário Adicione o seu

  1. Ruth Fiusa disse:

    Parabens! Gostaria de ver de perto os resultado do seus trabalhos. Sinto falta e saudades do artístico do Brasil. Feliz e orgulhosa de voce e muito saudosa.

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