O que vem pela frente?

Olho para frente mas é no Presente que quero ficar.
Esse blog é uma continuação do meu trabalho.
Comecei escrevendo para meus alunos mas aí passei a gostar de escrever para além da questão técnica do ator e da arte enquanto produto para ser prático e exercitar aquilo que proponho em aula.
A Observação e a Auto Observação.
A Arte é Contemplativa e por isso Inútil. Pode até estar impresso numa camiseta, num imã de geladeira, postado no You Tube ou numa xícara de café. O Estar da Arte causa, provoca, aciona, sua inutilidade invade a sensibilidade e nos leva a algum lugar na Imaginação. Ou seja o Inútil não quer dizer passivo mas muito Ativo.
Resumo antecipado do ano.
Encontros.
Esse ano visitei lugares novos e lugares conhecidos mas de maneira nova.
Fui ao Xingu. Estive com povos que tem uma outra cultura muito distinta da minha mas que moram dentro deste lugar chamado de Brasil. As suas terras tem muitos nomes com significados diferentes. Já o nome do meu país ganhou mais significado ao visitar esses lugares.
Já escrevi sobre o Xingu. Sobre o que eles me perguntavam e como eles mais uma vez me mostraram que com diferenças somos todos seres humanos.
Ali usei a técnica da Contemplação e a Ética para desenvolver um trabalho de confiança pois fazer ficção é dar vida a idéias que nem sempre são as suas e que podem gerar confusão. Daí a necessidade de ser claro ao apresentar as propostas e honrar os compromissos estabelecidos. Ou seja falar pouco para não morrer pela boca. Para o indígena a palavra vale muito.
A mesma coisa vale para o praticante do Candomblé, um Congueiro do vale do Paraíba, e uma criança seja de qual cidade for.
Palavras. O que ganhamos quando aprendemos de verdade a exercitar nosso papel, seja ela na realidade, seja ela na ficção, é dar valor a nossas palavras.
Isso eu pratico. É difícil por que é gostoso provocar, dar palpite, comentar, fuxicar…matar o tempo abrindo a boca para contar histórias e rir.
A imagem mais forte desse ano está gravada mas provavelmente não será editada no documentário. É de um grupo de meninos em silêncio diante da câmera, que não conseguem abrir a boca durante dez minutos, até que um deles me diz: Neste filme eu quero ser figurante, eu não quero ser protagonista.
Ao que respondi dizendo que era impossível ele ser figurante por que eu fui até alí para encontrá-lo. Que na sua comunidade e agora fora dela ele era protagonista. Que alí não haveria figurante, que não podia haver figurante, que mesmos calados todos eram protagonistas. Mesmo se ele não quisesse reconhecer ele havia alcançado um lugar de destaque naquela paisagem seca e carente onde eles criam sua arte.
A lição deste ano foi Humildade.
Atuei, dei aula, dirigi, preparei, escrevi… mas o que aprendi foi isso.
Axé a minha vida por me dar essa oportunidade.

1 comentário Adicione o seu

  1. Roberto Gervitz disse:

    Oi Chris, estou visitando o seu site. Adorei este testemunho, muito bonito. Abraço, Roberto

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