O Que É Uma Boa Atuação?

O que é uma boa atuação?

Há exatamente um mês atrás eu estava em Lisboa no Cine Teatro A Barraca dando uma Masterclass e essa foi a pergunta que lancei ao público.

Uma pergunta que há anos faço e sobre a qual hoje tenho uma resposta objetiva.

Uma boa atuação é aquela que colabora com a história que se está contando, que fica impregnada em minha mente e toca meu estômago. Uma boa atuação é aquela que me mantém com vontade de continuar vendo a história e de querer ver o que acontece com aquela personagem. Uma boa atuação atiça minha imaginação, me dá prazer e me faz abstrair do cotidiano.

Uma boa atuação é uma construção, não acontece por acaso, é resultado de uma entrega com consciência.

Quando o ator se coloca no centro das atenções e suas ações tem como objetivo exaltar a suas virtudes e não a história em geral resulta numa atuação que não empolga por ser previsível e sem calor.

Quando o ator coloca a história no centro das atenções fazendo com que suas ações interajam com a narrativa a sua atuação se destaca por trazer algo surpreendente, pessoal e generoso.

O caminho para se chegar a uma boa atuação começa pelo conhecimento de suas capacidades, limitações e habilidades. Aceitar e usar a seu favor as diferenças é importante. Seja seu melhor amigo ou amiga e não minta. Conhecer-se é Técnica mas antes disso é preciso gostar do que se tem para procurar ampliar seus recursos e explorar possibilidades desconhecidas do seu corpo.

A técnica tem a função de dar mais prazer, de dar suporte, de tornar mais leve a ação. E a técnica está no corpo e não fora. A dor é inerente e sofrer é desnecessário.

Outra noção imprescindível é a de que todos interpretam e não só os atores e atrizes. Produzir material para que a audiência possa interpretar é o caminho para manter o interesse. As suas ações se completam no imaginário dela e a pessoa que assiste que define sua personagem. Daí que o foco do ator precisa estar em seu corpo, nas suas ações e na história que quer contar.

A passagem do cotidiano para a ficção causa atrito que resulta numa perda de fluidez de movimentos, uma retração do corpo e uma redução da imagem. Isso é gerado quando se cria uma distância entre a história e a vontade do ator ou atriz. Se apropriar da história é uma parte importante da Técnica. Permitir que a história “fale” consigo e te provoque reflexões, te afete no seu desejo ou recusa, te cause humores é o caminho. Esse processo requer mais tempo e mais dedicação. Quando nos entregamos para a história conseguimos nos permitir agir de acordo com as situações e estar no presente. Estamos inteiro e passamos vivenciar no corpo a força do drama.

Tudo isso se conquista com estudo e treino.

Para saber mais sobre a próxima Oficina Ator Imaginário

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