Imprevisível

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Ao tornarmo-nos previsíveis ficamos expostos e frageís diante da adversidade, do apelo do consumo e dependentes. Nos enfraquecemos, sofremos de baixa auto estima, insatisfação e insegurança.
Terminamos por buscar uma certeza que não surge de dentro de nós e portanto não é uma convicção.
Também nos tornamos intolerantes e muito quto exigentes.
Escrevo estas palavras que escutei de um mestre há alguns dias e que desde então reflito.
Para um ator ou um diretor é necessário ter coerência consigo o que é muitas vezes optar pelo desconhecido é experimentar e saber reconhecer o erro.
Eu fui criado com muita liberdade se bem que não fui preparado para isso. Pelo contrário liberdade era um valor que nem meus pais nem o meio que me cercava conseguia entender.
Havia o General Geisel que dizia que liberdade sem estrutura não pode existir e havia quem dizia que liberdade era um perigo. Havia aqueles que diziam que liberdade era fazer tudo que desse na cabeça e que todos deveriam respeitar… enfim uma salada.
Eu cresci experimentando várias coisas e pude ser artista por que pude experimentar. Fiz muitos erros e outros acertos. Fui teimoso e se fosse mais flexível talvez tivesse feito um caminho mais curto.
Há quem reclame dessa minha maneira de fazer as coisas e insista para que eu seja previsível, regular e dentro do comum.
Agir com responsabilidade não é perder a liberdade nem ser livre é fazer qualquer coisa. Ou pior fazer qualquer coisa por fazer e depois se perguntar por que está fazendo.
É difícil a escolha do caminho da arte. Ela só pode ser feita com convicção mas infelizmente a sua convicção não paga seu aluguel. Mas ela alimenta seu espírito e te faz ser menos preso de um sistema que prevê que seus resultados precisam ser grandes para que tenham valor.
Quando eu era músico e se cometia um erro havia sempre alguém que dizia: “erra.. com fé”.
Esse blog é parte de um erro com fé. Assim como todo meu trabalho. Eu nunca teria podido antecipar a finalidade de um ou outro antes de começar. À partir do momento que comecei a produzir textos percebi a dimensão do que estava realizando e mesmo assim não sei quantificar o alcance. Fico feliz quando tenho retorno.
Agora que estou há meses aguardando um projeto começar percebo o quanto ainda posso ser prisioneiro de um sistema de produção e consumo que me obriga a estar sempre na frente…. mas na frente de quê?
Estar em mim já é difícil para que vou querer estar a frente.

1 comentário Adicione o seu

  1. Christian, tudo beleza?
    Tudo certo aí no mato? Quando vai ter seu curso de novo aí em São Paulo, hein?
    Abraço e boa sorte aí na floresta!!

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