Estado de Espírito e Pensamentos Soltos

Sobre o Espiritual na Arte 
e a Arte no Espiritual.
Para mim o espiritual na arte não é retratar anjos e santos
nem levantar bandeiras ou dogmas.
É usar conscientemente o poder de comunicação que a arte tem com o mais íntimo que o ser humano tem, é usar a arte para despertar no ser humano forças adormecidas pelo descaso que o ser humano tem com a Natureza. A vida, a morte, a criação, a destruição, os processos da Natureza são a origem de toda arte. Que pode e deve superar o plano do ordinário, do consumo imediato para despertar imagens, sensações nos seres humanos que os animem a viver.
A doutrinação não serve para fazer arte. São raros os casos em que obras doutrinárias  perduraram por longo tempo. Causam sensação mas não imprimem no imaginário ficando relegados a memória material.
O cinema tem essa obsessão de criar imagens que possam transcender o Tempo. 
Às vezes consegue-se um minuto ou dois de poesia ou Beleza como queiram.
Discussões estéticas são tão inócuas quanto discussões ideológicas. Todos os conceitos foram e estão sendo enterrados desde a virada do milênio. Está difícil encontrar um motivo para fazer ou ver arte. Entretanto está sendo desperadamente necessário criar obras que possam animar a humnidade a sair da mediocridade em que ele se encontra. Com isso não almejo propor nenhuma revolução já que esta proposta morreu com o século XX. Nem um revisionismo, nem uma análise crítica. Tudo isso é a Morte.
Vivemos um momento de baixa auto estima, medo do fim e de covardia. O lixo produzido  que é dissiminado pelos meios de comunicação através de redes de comunicação de grande alcance são mais volumosos que os dos lixões que circundam as grandes cidades de todo mundo. 
É difícil encontrar Beleza assim mas não é impossível.
Será possível individualmente e até coletivamente se cada um se responsabilizar pelo que produz. 
Se cada obra produzida tiver seu valor. 
Um valor que transcenda seu Tempo.
Mas enquanto tivermos medo não saberemos dar valor e continuaremos a comer merda e chamar de iguaria. Continuaremos a nos enfeitar, a nos entreter, a mentir a não merecer estar vivo.
Os recursos naturais estão desaparecendo junto com os recursos humanos.
Mas não será os recursos humanos a causa do desaprecimento dos recursos naturais.
Eu só sei que enquanto a Arte não exprimir uma necessidade da alma, do espírito do seu criador ele não tem o mérito de se chamar Arte.
Se ainda há gente que pretende discutir a necessidade da arte, a sua viabilidade enquanto atividade econômica, a sua importância e seu lugar na sociedade coontinuaremos a perder tempo.
É hora de sairmos deste sistema comparativo que uma sociedade utilitária e preguiçosa teima em perpetuar. É hora de sairmos de um sistema de auto satisfação imediata. É necessário colocarmos a mão na massa e ocupar os espaços, embelezar os espaços fazermos necessários.
Tudo isso que estou escrevendo não está no filme em que estou trabalhando.
Sinto-me provocado pelo que estou fazendo já que a muito tempo venho colocando minha arte a serviço da cura o que é para mim a tradução do que é o espiritual na arte. 
Recentemente fui ver a exposição dos artistas que se entitulam Os Gemêos. É magnífico ver como que um olhar pode transformar seu estado de espírito. Várias pessoas, principalmente em São Paulo já se depararam com uma obra deles grafitado numa parede e nem perceberam que é deles. Nem tudo que é grafite é maravilhoso mas eles conseguem subverter a função da parede e da arte deles para sensibilizar o olhar do transeunte ocasional.
A maior parte do que faço como artista ninguém vê. Por que está num todo, num processo mais amplo e com a qual apenas contribuo. Mesmo quando vou pro set de filmagem. 
Porém o segredo está em como faço. Em como cheguei na cegueira do Ensaio sobre a Cegueira, ou em como cheguei na vivacidade dos atores em O Banheiro do Papa. Ou na unidade de atuação dos atores na série Cidade dos Homens, Filhos do Carnaval. 
É preciso mais que coragem é preciso mais que entrega é preciso buscar em primeiro lugar Prazer. Fortalecer sem enrijecer. Conscientizar sem doutrinar. Ter humildade para aceitar sem julgar. Olhar os preconceitos e flexibilizar-los. Enfim se reinventar a cada instante sem perder a conexão com a origem.
Esse lugar que chamamos de origem é individual e coletivo. A minha arte dialoga com isso.

1 comentário Adicione o seu

  1. vinicius oliveira disse:

    christian! concordo com q o seu texto fala a respeito da ARTE. Eu aprendo muito lendo seu blog, adoro quando voce publica textos novos.
    ha! estou indo para São Paulo fazer algumas apresentação de teatro irei ficar tres dias… queria poder ficar mais..pois acho que lá em SP que as coisas acontece em relação ao cinema, teatro em fim a ARTE.
    saudades…abraço.
    ha! eu sou vinicius oliveira fiz a oficina deocinema do filme ” capitães da areia”.

  2. Marilia CB disse:

    Olá, Christian,
    De vez em quando apareço por aqui. Interessantes as suas reflexões sobre arte e espiritualidade, arte e cura. Tem um pouco a ver com as minhas motivações para sair do Teatro e estudar Psicologia. Acredito que ser ator, ser artista, ser autor, deveria ser um direito de todo ser humano. O dieito à criatividade, a estar no mundo de forma significativa, de realizar o seu potencial de transformar a realidade. Mas a arte comercial acabou criando castas de artistas eleitos, detentores da técnica, do poder e da mídia. Tenho alguma saudade do palco, mas os momentos criativos com meus pacientes acabam suprindo esse vazio, de certa forma.
    Hoje atendi a uma moça, uma pessoa muito sensível mas (talvez por isso) “difícil”, muito machucada pela vida. Ela foi pintando, falando, espalhando as cores no papel e se tranqulizando, trazendo coisas muito íntimas e de grande doçura. Saímos (lá é uma instituição pública que atende a usuários de álcool e drogas) e fomos caminhando para o metrô. Ela começou a falar sobre deus, um seu deus pessoal e feminino. Tnha acabado de chover, e foi abrindo um solzinho; virando a esquina nos deparamos com um imenso arco-íris, perrfeito, completo com todas as cores. Contei a ela que o arco-íris é um símbolo da alian~ça de Deus com o serhumano. A rua estava cheia, mas ninguém notava; era como se o arco-íris fosse só para nós.

    1. atorimaginario disse:

      Obrigado Marilia pelo seu comentário. Meu desejo é de comunicar. Acredito que a grande dificuldade do ser humano é a comunicação. Temos necessidade de contar nossa histórias, compartilhar nossas experiências, curar nossas feridas, expressando nossa existência. …

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