La Redota (2009)

O filme foi produzido em 2009 e só entrou foi apresentado ao público em 2011. É um belo trabalho.

Veja o teaser


Sete de Setembro

 

Nada melhor que um fim de semana prolongado com chuva. O caos de São Paulo aumenta e cada um tem sua razão para usar seu carro, para ficar preso no trânsito, para gerar uma violência desnecessária. Agora que o mundo é grande e a terra é pequena estamos nos dando conta que não tem espaço para todos. Que se tivermos sorte poderemos desfrutar um pouco do que resta da Paz. Muitas neuroses juntas gera mais neurose. Como encontrar um pouco de silêncio e contemplação.
Sete de Setembro. Eu sou de uma geração que aos dezoito anos pode votar para Governador, para Prefeito da Capital…que pode participar das diretas já. Que enfim conheceu a abertura política. Ainda tinha a emoção de poder lutar contra o poder estabelecido, de poder ser rebelde e encontrar muitos seres com o mesmo desejo. Para muitos da minha geração sete de setembro era obrigação, era coisa de militar, era uma demonstração de força por parte da repressão. Daí que por isso virávamos as costas.
Estou trabalhando num filme histórico no Uruguai. Artigas é o nome, se não do principal, da figura histórica mais respeitada e tida como um procér da República Oriental do Uruguai. Enfim um heroí nacional.
Os malvados são os Portugueses (nossos ancestrais), o triumvirato portenho que querem ter contrôle sobre toda região, os espanhoís que são o governo local mas já não estão tão fortes e enfrentam uma crise na metrópole.
Enfim a história se passa no meio de uma revolução mundial, logo após a bem sucedida revolução Americana e a conturbada Revolução Francesa.
Oito mil pessoas contra o resto do mundo. Com apoio do Paraguai mas sem fundos para financiar uma guerra de libertação. Um movimento fadado ao fracasso mas cheio de sonhos e projetos para fundar uma nação onde aja igualdade.
A imagem do Artigas foi usado pela esquerda radical assim como a direita. Ele foi o Che daquela época.
O filme conta a história dele.
Aqui no Brasil não temos paralelo…
Talvez o Zumbi dos Palmares, talvez o Movimento Tenentista, Tiradentes e a Inconfidência Mineira,…
Existem alguns mas um libertador do Brasil não temos.
Nossa proclamação se deu como todos sabem através do filho do Rei e da manutenção do poder já estabelecido. Não houve um debate maior. Foi algo que aconteceu no gabinete.
Se foi melhor assim não sei. Nem sei se o fato de não termos um pai da pátria seja melhor ou pior. A idéia de nação é que é mais complicado. O que eu acredito que tenha sido a maior vitória da revolução norte americana. Seus valores se mantêm sem precisar serem reformulados. Se sua visão do resto do mundo é a mais correta, acredito que não. Se seus valores servem para nós, também não.
Acredito que precisamos ter símbolos, marcos, momentos em que refletimos como queremos continuar a existir aqui e estabelecer ideais comuns a todos.
Talvez com o crescimento econômico possamos através da educação conseguirmos gerar esse debate de norte a sul. Talvez possamos transformar o sete de setembro de desfile militar em um passeio pacífico pelo bem comum da nação. Chega de demonstração de força.
Nação é o conjunto das diversas comunidades que são formados por indivíduos.
Ainda acredito em ideais coletivos. Minha arma tem sido minha arte, minha escrita, minha fala…
Dificilmente me veria pegando em armas e usando a força para alcançar os objetivos pelas quais luto.

O que é bom de escrever nesse blog é o fato que eu escrevo para quem não conheço para me conhecer melhor. Auto conhecimento se faz melhor quando rodeado por semelhantes que se fazem pares. Só o auto conhecimento pode melhorar nossas ações nesse mundo e salvar nossa natureza.

A tirania faz parte do nosso DNA. Assim como todos nós temos poder mas preferimos delegar ele a um outro estranho ao invés de exercitarmos nós mesmos. Parece que a imagem do ser frágil, desprovido de poder seduz mais que a pessoa que faz por si mesmo e não espera acontecer. Mas que não se confunda o frágil e sensível com o sujeito desprovido de poder e insatisfeito. Pessoas insatisfeitas são tão perigosas quanto ditadores por que elas se juntam temporariamente em nome de um ditador momentâneo e outorgam seu poder aquela pessoa querendo com isso encontrar a satisfação. Mas não a libertação.
Hoje as tiranias não se estabelecem em algum lugar elas vagam por aí mais eficientes que o vírus de uma gripe. Ela se instala dentro de cada um e espera o seu momento. Hoje todos podem ter seu momento de tirano e não saberem. Apenas que hoje toda essa forca se volta para o consumo e sua adesão se faz em nome do individualismo mas não do indivíduo. Nos comparamos constantemente e nos cotamos. Quem tem mais, quem tem menos, quem é mais feliz, quem sofre mais…as comunidades se afinam por aquilo que elas dizem ter e não pelo que se propõe criar….
Sete de Setembro vai longe… e hoje é apenas sexta feira. Ouço as buzinas da cidade e não consigo imaginar como era aqui em 1800. Talvez o canto do passarinho encoberto pelo som do helicóptero possa me dar uma dica…
Bom feriado a todos!


Primeiros Quilometros

 

Nunca fiquei tanto tempo sem escrever…

La Redota

Esse é o nome da produção que estou trabalhando nesse momento.

Escrevo num ônibus e espero que a bateria não acabe.

O filme se passa no Uruguai e é uma co-produção entre Espanha, Uruguai e Brasil.

Mesmo assim é um B. O. (baixo orçamento).

Viver de cinema na América Latina é um privilégio mas vou conseguindo com muita criatividade.

O filme conta a história de um militar espanhol em crise de identidade, deixado ao seu próprio destino numa América do Sul em revolução separatista. Preso em Buenos Aires por roubo a um emissário do exército rebelde de Artigas tem nova chance de continuar vivendo se aceitar a missão que o governo de Buenos Aires lhe dá: assasinar Artigas. Para tanto se disfarça de repórter que escreve para um jornal norte americano e que veio ao país para encontrar um revolucionário.

Essa é a trama principal mas o filme conta muito mais sobre a America Latina atual. Desde o começo do projeto o diretor e co-roteirista do filme César Charlone me disse que a personagem principal do filme é o acampamento onde o Artigas e seus seguidores se escondem. Para ele lá é a gênese do que vem a ser o país Uruguai. Um lugar onde se luta pela igualdade, pela liberdade, pela fraternidade, pela justiça, pelo direito a vida, a existência.

Eu entendo muito bem essa colocação. O Uruguai é um país que teima em existir. Esprimido por entre dois países que sempre disputaram a hegemônia da região (Hoje é o Brasil quem manda mas amanhã nunca se sabe.) Uruguai sempre foi um fiel da balança fazendo o pender para um lado quanto para o outro as forças da região. País que por ter as mesmas raízes espanholas se identifica muito com Argentina luta como irmão menor para ser reconhecido como sendo algo diferente e não um apêndice. Por outro lado é um país que por razões mais subjetivas se volta para o Brasil, talvez por ver ali uma sociedade multi cultural que existe nas suas minorias invisíveis.

Nesse momento em que o Brasil tem uma imagem mundial de dinamismo, de tolêrancia racial, em que se afirma como país no quadro mundial para mim é bom reavaliar minhas posições e tomar distância. A História pode não ser linear e nem ser uma eterna repetição mas olhar faz refletir sobre o que se já fez e o que se quer fazer.

O Brasil é o mocinho da américa latina por que a distância entre os mocinhos e os bandidos diminui muito. O Brasil tem se esmerado no marketing. São anos fazendo isso mas desde o período FHC até agora nunca se conseguiu tanto sucesso comercial como agora. Talvez nem nos anos JK.

Veremos o que se dará no ano que vem.

Realidade e ficção. A dificuldade de um filme histórico é dar um sentido, transmitir uma mensagem e utilizar o fatos históricos para dizer algo que interessa hoje. A revisão crítica da história oficial ou tida como definitiva é uma função mas acredito que não seja a função da ficção. Para mim a ficção é um exercício de liberdade, de díalogo entre o imaginado e o vivido. É uma lupa e ao mesmo tempo um portal. Difícil não pensar na ficção e não pensar que ela seja apenas uma visão pessoal do que se vê. Mas para mim a ficção é uma materialização de algo que eu quero ver. É a expressão de imagens interiores que ainda não ganharam forma.

A dificuldade do ator é assumir a liberdade que a ficção dá de transmitir sua mensagem sem precisar negociar com a realidade do cotidiano. Atores também se sentem oprimidos e até tímidos no seu dia a dia. Seus papeís os ensinam sobre o mundo mas não escondem o indivíduo.

Atuar é um exercício de si. É experimentar ao máximo sua potencialidade de indivíduo. É poder expandir suas fronteiras para conhecer seus limites.

Imagina que seu personagem é alguém que vai ser julgado e posto em exílio. Quantas sensações horríveis, quanta vontade de lutar, gritar, quanta pressão, frustração essa personagem vai sentir. Que interessante poder fazer sabendo que nada vai acontecer mas por que é importante esse exercício para continuar vivendo. E mesmo manter outras pessoas vivas.

Claro que o que sente o ator não é o mesmo que sente a personagem e nem o espectador. Claro que o ator é um ser humano que precisa ser respeitado e que tem seu direito de não querer se submeter a fazer isso. Tudo isso é importante pensar antes mas no momento que se sobe na montanha russa o melhor é se deixar levar pela experiência. E confiar que a pessoa que está operando a montanha russa sabe que aquele negócio não se vai se romper e que eu não vou me fazer mal.


Preparando Artigas

 

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Escrevi um outro  texto que desapareceu da tela por que fui desconectado da internet. Tinha muito mais informação.

Enfim em três dias vamos começar a captar ( vai ser em digital).

Esse filme teve uma pré-produção difícil para mim por que trabalhamos com dois elencos em duas cidades distantes uns 500 quilometros um do outro. Um elenco principal formado por atores uruguaios com muita experiência de teatro e um ator espanhol com experiência em cinema e televisão. Um elenco de apoio formado por pessoas locais sem nenhuma experiência de cinema mas com a experiência que a vida lhes deu.

O tema é do filme é a Terra, a identidade, as relações humanas…

A nossa locação principal está no meio de uma fazenda. É um lugar maravilhoso.

Além do que está escrito nos livros de história queremos dar uma dimensão humana destes fatos históricos que são determinantes na história do Uruguai. Ou pelo assim quis a história oficial nos contar. É o nascimento da nação, não foi o movimento que de fato deu independência ao Uruguai mas foi o fato que criou deu as bases ideológicas da nação. Artigas representa tudo que o uruguaio almeja para seu país. Principalmente a Igualdade.

Aqui em Tacuarembó ele é tido como um heroí, um homem que soube olhar para os mais necessitados e soube captar o espírito do Gaucho, do vaqueiro livre.

Para todos um grande desafio e um aprendizado. Dificuldades de toda sorte. Pouco dinheiro para um filme com dimensões de um épico. Muita responsabilidade pelo fato de que nunca se tentou retratar essa personagem no cinema. Muitos dados contraditórios, muitos pontos de vista e muita confusão por que o fato histórico se situa num momento de crise caminhando para o caos.

Nessas 3 semanas aprendi muito sobre a história, o suficiente para contar a história que quero contar.

Mas esse não é um filme histórico…é um filme político.

As cenas principais são em torno de uma fogueira em que se travam os debates sobre os fatos históricos, sobre as necessidade de cada um, sobre a terra, a identidade, onde se revela que a idéia de comunidade não é sempre harmonia e que os interesses de grupos prevalecem. São as cenas críticas em que vamos tentar fugir do recitativo, do épico, do chato que é ouvir um bando de gente falando sem muita ação.

Nessa semana enfrentei a maior crise até agora. Os atores sentiram o peso do que vão fazer e se sentiam despreparados, confusos, intimidados pela responsabilidade de terem de confirmar o que existe escrito nos livros de história. Enfim eles se sentiam numa camisa de força.

Fomos para a locação buscar energia para eles e eu uma estratégia para canalizar o fluxo humano que estava transbordando. Literalmente entre montes de bosta travamos uma batalha com a nossa insegurança e ansiedade saindo vitoriosos e com confiança. Para tanto usei um artifício de experimentar seu personagem sem avisar os companheiros e ver se eles entram no jogo. Foi ótimo. Alcançamos a qualidade de atuação que quero para o filme. E eles entenderam que eles não precisam se carregar com toda a responsabilidade da recriação histórica mas simplesmente se envolver em debates, ações e um vivenciar lugar que está pronto para eles.

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O texto que segue escrevi há mais de três semanas atrás…

Segunda feira desembarco em Montevideo para terminar a preparação de La Redota que é o nome do filme sobre o Artigas. A Marina fez a primeira parte e terminou nesse fim de semana. A parceria é boa e fico feliz de ter investido nela.

É o primeiro filme histórico que faço. É a história de um sonho que hoje não tem mais espaço de acontecer: A Revolução. Se bem que Artigas não consegui terminar sua revolução, ver implantado seu projeto de uma república democrática e igualitária, onde um Homem é um voto e todos tem o mesmo valor.
Francamente inspirado na revolução norte americana e nos seus ideais a revolução de Artigas é uma luta contra todos: Espanhoís, Portugueses, Ingleses, Argentinos. E por todos as minorias os Gauchos, os Criollos (são os locais), os Indígenas, os Africanos… É um movimento sem uma ideologia pré estabelecida e que nasce de uma revolta contra os que governam a colônia mas não contra a Coroa Espanhola. Ganha força quando a Coroa Espanhola se divide em três e os Portugueses resolvem invadir a Colônia para conseguir mais terra. Enfim é um momento caótico naquele pequeno território.
Eu confesso que não sou um especialista nesse período histórico estou aprendendo com o filme.
O que eu sei que estamos numa época que em nada assemelha ao que retrataremos.


Notas de Tacuarembó

 

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É o último dia aqui… tem um blog da produção.
www.laredotafilm.blogspot.com
Mandei um e-mail para a blogueira que vou reproduzir neste poste.
Bom dia Fabi,
Te felicito. O Blog está ficando lindo.
Com o tempo vc vai pegando as manhas da ferramenta.
Meu nome se escreve como está aí abaixo. E é Marina e não Mariana.
Prefiro que vc cite no meu cv El baño del Papa e o Blindness. A Marina foi minha assistente no Blindness.
A preparação foi feita em duas etapas: O taller de actuación com os locais que a Marina executou e eu supervisionei.
E os ensaios com o elenco de TBó e MVD e o acompanhamento de set feito por mim.
A oficina de Tacuarembó foi importante fez parte de uma estratégia para encontrar o elenco de apoio e alguns personagens importantes como o Ansina.
Tivemos que dividir em duas frentes por questões de logísitica, já que o ideal seria misturar as pessoas e compartilhar habilidades e conhecimentos. Muito do que ator faz não se aprende na escola, se aprende na vida. Há pessoas que fazem disto seu modo de viver, de trabalhar e desenvolvem mais rapidez e prontidão. O negativo disto é que às vezes o profissional se isola e deixa de se nutrir de estímulos novos diferentes.
A oficina de Tacuarembó rendeu muito também para a dramaturgia do filme e serviu de fonte de inspiração para o diretor que sorveu o quanto pode.
A preparação de elenco na realidade é a pré-produção do filme do ponto de vista dos atores. Temos que esquecer esse mito que só com o roteiro o ator já está pronto. Isso é uma visão estreita que reduz inclusive a função do ator.
Voltando a estratégia da preparação:
A primeira prioridade deste trabalho atingir uma qualidade de atuação homogênea respeitando as características de cada um.
Ou seja fazer deste pessoal uma orquestra.
A segunda prioridade é inspirar o pessoal a entrar na ficção, a se apropriar de cada ação e palavra, de ter prazer em tudo mesmo nos momentos mais dolorido.
Daí possibilitar que a diversidade do entendimento dos temas por cada ator (para mim entrou na minha sala é ator, sendo que há alguns com mais maturidade que outros, não uso o termo não ator) pudesse se somar a dramaturgia global do filme. Ou seja nos libertar do que está escrito e recriarmos uma versão pessoal. O Guión seria apenas uma guia para fazer um tema de jazz.
O resultado disso falam por si pelas imagens captadas.
Muito Sucesso
Beijos
Chris


Algumas Imagens de La Redota

A produção ainda não acabou mas eu encerrei a minha participação no filme.

A memória continua cheia de imagens, sons, cheiros e sensações. Aprendi muito.

A primeira vez que falei com o César Charlone sobre o projeto ele me contou que a imagem que ele tinha para o filme era de ossos, muitos ossos. Ele queria retratar a nascente de uma nação. Encontrar o esqueleto sobre a qual colou a carne que é hoje sociedade uruguaia.

Em seguida ele me contou sobre o Artigas e seu fiel escudeiro Ansina. Ele queria desmitificar a figura do procer da nação. Desmitificar essa personagem que está na raiz da nossa sociedade que precisa de um pai para lhe proteger e ao mesmo tempo mimar. O filme não seria sobre o Artigas mas sobre o Ayuí.

Ele queria que o filme fosse sobre a paisagem humana. Que os olhares caíssem sobre esse lugar bruto de onde brotaria uma nova sociedade. O Ayuí era um território livre, um acampamento militar e um refúgio para civis que seguiam Artigas em busca de salvação, esperança, por medo… enfim sem saber muito onde isso ia dar. Ele queria um feliz sobre a coletividade, o poder e com heroís anônimos.Quase fantasmas da paisagem.

As armas.

Abrigos provisórios feito de couro.

Trabalho de artesões que foram integrados a equipe para construir ambientes e lugares.

Durante 15 dias convivemos com esse espaço. Ali ou você curava uma depressão ou se afundava de vez. O espaço aberto, o sol, a fumaça de tantas fogueiras, o cheiro de animais e excremento deles…

Ou você se entrega com prazer ou se fecha e luta para chegar ao fim.

Uma viagem que para mim rendeu muita energia. Está sendo um trabalho ardúo. O César está fazendo um filme grande com poucos recursos. Precisa acreditar muito para chegar lá. Precisa saber equilibrar e lidar com o desequilíbrio. Precisa ter sorte e saber acolher a oportunidade.

Uma das sábias escolhas dele foi o cinema digital. Perde-se alguma coisa na qualidade de imagem, é mais instável e não está feito para trabalhar nas condições que trabalhamos mas pudemos produzir muito material em pouco tempo. É um excelente recurso que ainda vai ser melhor desenvolvido e utilizado.

Estou feliz de estar de volta a minha casa. Afinal nesse ano passei seis meses viajando. Quem vier para o curso vai aproveitar a experiência deste trabalhos.

Até lá.

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