A Primeira Vez

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Essa é a primeira vez que preparo uma atriz para fazer um papel numa novela da Rede Globo no horário principal. Ela é a Juliana Caldas e essa é também sua primeira aparição numa novela. Para conhecer mais sobre ela leia esse artigo da Sandra Kogut: http://kogut.oglobo.globo.com/noticias-da-tv/noticia/2017/04/atriz-portadora-de-nanismo-juliana-caldas-fara-estreia-na-globo-com-personagem-maltratada-pela-mae.html
Estou acostumado a preparar atores (e não atores)  para sua primeira vez na tela grande ou pequena e como ator também passei por isso.  

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A minha primeira vez foi em 1999. Atuei num sitcom chamado O Santo de Casa Faz…. com direção de Walter Lima Junior, uma honra trabalhar com um diretor com tanta relevância para o cinema brasileiro numa experiência nova. Os sitcom era uma adaptação de um programa americano. Feita com público, num estúdio e num cenário que reproduzia a sala e a cozinha de uma casa. Um formato que remete ao teatro e que data dos primórdios da televisão em que se tenta manter a espontaneidade dos atores, a relação com público e ao mesmo tempo ter uma imagem e um som de qualidade. 

Foi bem curioso, cheio de problemas técnicos e quando dei por mim já tinha acabado. A série durou pouco tempo e apenas achei uma imagem da abertura dela na internet. Gostaria de rever.


O meu primeiro trabalho de preparador de elenco foi a série Cidade dos Homens e para a maioria do elenco era uma estréia numa série. Concebida pelo Fernando Meirelles a série tinha características próprias, com muito espaço para a criação dos atores e dos diretores. Foi um grande laboratório onde pude aplicar meu  método. E um grande sucesso de público e crítica. O modo de atuar, em especial do Douglas Silva e do Darlan Cunha, renderam reconhecimento internacional a série.


Meu primeiro longa metragem como preparador foi em 2003. O filme era Jogo Subterrâneo, direção de Roberto Gervitz, um drama psicológico estrelado por Felipe Camargo e Maria Luiza Mendonça. Havia uma participação especial da Thávyne Ferrari fazendo o papel de uma autista.  Aqui não havia espaço para improviso mas o debate em torno dos temas foi mais profundo.images.jpeg


A novela é o gênero mais popular no Brasil. A responsabilidade dos atores é imensa. Todas as noites eles entram em milhões de casas e habitam o imaginário de milhões de pessoas que se emocionam, se identificam e torcem pelas personagens que os atores criam.


A dramaturgia da novela é extensa e complexa. São muitas tramas, muitas personagens, muitas relações, história paralelas, muitas pessoas trabalhando ao mesmo tempo, um mundo em si. São muitos capítulos, são muitas diárias de gravação, é muito tempo dedicado a um projeto. É uma doação. O que está implícito no trabalho do ator. O importante é se manter motivado e obter prazer no fazer.


A experiência me ensinou que para o Ator é preciso uma grande dose de imaginação para passar da realidade a ficção. É preciso mais que entendimento do roteiro e do que se vai dizer. É preciso ter consciência do que se vai transmitir e como. É preciso convicção para ser livre e ampliar seu personagem para que ele comunique aquilo que você quer dizer.

O desafio é gigante e vamos ver.

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