É folga

Hoje é folga posso dormir mais e mesmo assim acordo cedo.
O ritmo do set de filmagem é intenso. Pouco tempo e uma lista enorme de tarefas a serem cumpridas com qualidade. Aquilo que imprime precisa valer a pena. Cada coisa tem seu valor, sua importância, sua influência sobre o todo. Finalmente aquilo tudo que foi preparado em separado se junta trazendo uma nova compreensão daquilo que imaginamos. Depois de semanas filmando a história ganha outra forma.
Em vários livros li sobre o controle que o diretor precisa ter sobre o processo de criação para conseguir chegar ao filme que ele tem na cabeça. Mas eu não concordo, talvez por ter trabalhado com diretores tão flexíveis, abertos e criativos que me pareciam prontos a absorverem o novo dentro do seu trabalho, percebi que  a capacidade processar informação é mais importante que o controle.
Existe uma conta que não é uma regra de que 3/4 do material captado vai pro lixo. É muito. Tudo isso depende de quanto dinheiro essa produção dispõe no seu orçamento para produzir todo esse material dispensado. Muito do que é dispensado são variações sobre a mesma imagem mas em alguns casos podem até mesmo ser cenas inteiras.
No momento estou trabalhando no filme Trash. Estamos pela quinta semana de filmagem ( se bem que estamos trabalhando em digital). A história já tem corpo. Os personagens principais já existem.
Comecei esse projeto ao mesmo tempo que estava fazendo o Destino Rio de Janeiro. Quis o destino que a produção dos dois projetos começasse praticamente ao mesmo tempo. Enquanto fazia a preparação de elenco do Destino RJ, Marina Medeiros, com quem trabalho há quase sete anos fazia as oficinas-testes para escolher o elenco principal do filme.
O diretor do filme é o inglês Stephen Daldry são dele os filmes: Billy Elliot, As Horas, O Leitor,  e Tão Forte, Tão Perto. Neste último ele me chamou para ajudar a escolher o ator da personagem principal, um garoto de 14 anos. O convite para fazer Trash surgiu naquela época 2010 e só esse ano entrou em produção.
O Stephen Daldry não fala português, nunca viveu no Brasil, mas aceitou o desafio de fazer um filme aqui numa língua que ele não entende. Para tanto ele buscava pessoas com experiência, conhecimento e um modo de trabalhar com a qual ele se identifica.
Fui indicado pelo Fernando Meirelles.  E depois de uma entrevista o Stephen e eu encontramos vários pontos em comum, o passado no teatro e o trato com os atores. Ele assistiu todos os filmes que fiz e decidiu que era essa qualidade de atuação que desejava para o filme dele.
Desde então passei a ser um consultor dele tanto no que se refere aos atores quanto ao modo de contar a história. É uma relação criativa intensa onde proponho ou re escrevo diálogos, proponho alteração de cenas, discutimos conteúdo… Ao mesmo tempo estou de olho nos meninos.
Os protagonistas dessa história são 3 garotos de quatorze anos que quis o destino sem nenhuma experiência anterior. Na flor dos hormônios os três valem por dez. Ansiedade, insegurança, vaidade, baixa auto estima, e a natural dificuldade que se tem de ouvir quando se tem quatorze anos. Tudo é extremo ou muito feliz, ou muito “bolado”, ou muito com sono, ou muito sensível… e ao mesmo tempo generosos, motivados, curiosos, alegres… As pessoas amam e odeiam ao mesmo tempo.
Acordei as 5:15 e agora as 7 horas vou voltar para a cama.
Bom dia a todos!

1 comentário Adicione o seu

  1. wenner george disse:

    muito bacana, bom trabalho!

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