Até que enfim uma comédia. Adoro o gênero e sempre me dei bem dirigindo em teatro.
O diretor Fábio Mendonça com quem trabalhei nas séries Destino SP e Destino RJ me convidou para trabalhar com ele na preparação do elenco do seu longa de estréia Reveillón. Com ele é um trabalho de dramaturgia. Ele é um diretor muito criativo que sem rifar a estética dá liberdade aos atores.
Um elenco de excelentes atores: Julia Rabello e João Vicente de Castro (Porta dos Fundos), Paulo Tiefenthaler, Marcos Palmeira, Luana Piovanni, Luana Martau, Martha Nowill, entre outros.
A comédia expõe muito os atores e o diretor. A tendência é exagerar para provocar riso pelo grotesco.
O segredo é Estar presente. Deixar que a situação te arrebate e nunca deixar de levar a sério.
Para mim é um exercício de mal tratar a personagem. É expor o frágil, o absurdo e o ridículo do ser humano.
A proposta da preparação foi transformar esse elenco num grupo, numa banda eclética de muitos ritmos e sons.
Encher de confiança os atores, cuidar da técnica e dos fundamentos do jogo cênico.
Ao mesmo tempo fazendo dublagens para o TRASH.
O que um trabalho alucinante por si só.
Dublamos várias cenas do Trash. Um trabalho preciso para corrigir questões do som direto e do roteiro.
Às vezes quando se filma as interferências diminuem a qualidade do aúdio e não podemos fazer um outro take para corrigir isso.
Mas dessa vez pude melhorar diálogos, interpretações dos atores, dar mais camadas aos personagens.
É lindo depois de feito. Mas dublar é um trabalho de muita concentração, de muita imaginação e de desprendimento.
Recriar uma situação sem estar no lugar onde ela acontece. Voltar a um tempo vivido e que agora é apenas uma lembrança.
Isso é duro.
É preciso ter um bom ouvido, ter sensibilidade para a música da sua voz, auto conhecimento para encontrar em seu corpo e sua imaginação estímulos que façam com que produza um timbre de voz similar aquela que já está lá.
Mais louco ainda foi fazer isso com meus garotos de quatorze anos e que envelheceram.
Com isso a voz engrossou…
Fiquei feliz com o resultado e por ter terminado.
Cinema é técnica. Mas sem o orgânico ele morre.
A arte é conseguir encontrar o ajuste entre a técnica e o orgânico.
Essa é a minha pesquisa e o que meu método produz.